As situações de pandemias se apresentam, aos poderosos, enquanto ocasiões oportunas para garantir o aumento de suas riquezas, a conservação de seus domínios e a ampliação de seus privilégios. Isto, é evidente, em dano direto da população trabalhadora. Diversas reportagens registraram o fato de como os endinheirados, no Brasil, ficaram muito mais ricos durante o período da pandemia e de como os empobrecidos tiveram agravadas suas condições de vida. Simples transferência de riqueza, apresentada para a população com palavras estudadas, abusando-se dos eufemismos, e suavizando, com esse procedimento marqueteiro, a dureza dos acontecimentos de saque e pilhagem realizado sistematicamente pelos poderosos contra os trabalhadores. A grande imprensa e a grande mídia difundem essas leituras dos eventos sociais com pretensa imparcialidade, mas de explícito enviesamento classista.
Discutir soluções envolvendo a saúde pública sem tocar nas condições de vida da população trabalhadora, como também na forma de organização econômica, social e política de nossa sociedade, me parece ser, no mínimo, procedimento inócuo. Esta consiste numa das lições tiradas da leitura e do estudo da imprensa anarquista, referenciada nesta coletânea. O problema, grita os escritos dos trabalhadores, reside no modelo civilizacional adotado, no qual impera a propriedade privada dos meios de produção, a centralização política e o velho medievalismo transmutado em novos misticismos (inclusive a ciência não tem sido imune e nem escapou de ser instrumentalizada nestes procedimentos obscurantistas), nas pseudociências e também com mistificações político-ideológicas.